Ontem, hoje e amanhã, são momentos que passam, e ficam apenas as recordações dos dias felizes, do qual podemos classificá-los de passado, presente e futuro.
Há cerca de dois anos, precisamos nos mudar, e tive que abrir mão de algumas coisas como conforto, privacidade, e etc.
Infelizmente, no apartamento pequeno que alugamos não havia lugar para os nossos cachorrinhos.
Meu marido se mudou com a minha filha, e ficamos só eu e os bichos por alguns meses por motivos de trabalho. E dessa forma só nos encontrávamos no fim de semana. Seis meses depois, eu fui pra ficar, mas aí tive que deixar os cachorros para trás. E foi com muita dó que eu os deixei com meus pais e partir.
Algum tempo depois, minha mãe me comunicou que não poderia mais ficar com eles, pois meu pai estava muito doente e o latidos estavam incomodando.
Caracas! Nesse momento eu entrei em desespero, já que não podia levá-los comigo, mas também não queria me desfazer deles!
Minha mãe, que já estava a par do nosso sofrimento em relação aos bichos, conversou com um casal de amigos dela que se prontificaram a ficar com eles por um tempo, até que nós pudéssemos buscá-los.
Que alívio!!!
Os dois iriam ficar bem, com uma família legal e sendo tratados com carinho. O casal que os abrigou morava em uma casa grande com um quintal enorme que tinha entrada por duas ruas. Parecia mais uma chácara!
E foi justamente esse o problema. Os cachorros ficavam soltos, a vontade. Para meu desespero, os vizinhos do casal criavam galinhas, e sabe como é: cachorros… galinhas…
A nossa querida Mel – sim, podem acreditar, o nome da ferinha é Mel – deixou aflorar o seu instinto caçador e decidiu variar o cardápio. Ela simplesmente atacou a penosa, e pra variar ganhou a briga.
Quando o casal ouviu o barulho e viu o que havia acontecido, foi até a casa da vizinha com a galinha morta na mão, entregou-a e se desculpou pelo ocorrido.
Que vergonha!!
Passado alguns dias, a história se repetiu: dona Mel não pode ver nenhuma ave, ou acaba perdendo o controle, e eis que a predadora volta a atacar, matando mais uma pobre galinha inocente. E o Rei, o “macho” da dupla, só queria saber de sombra e água fresca, fazendo jus ao seu nome.
De novo, o casal foi falar com a vizinha, pedindo desculpas e entregando o cadáver em mãos.
A cena se repetiu por diversas vezes, até que eles resolveram prender os cães em um pequeno espaço no outro lado do jardim, de onde não poderia fugir porque tinha grades.
Foi aí que o problema começou de verdade: os cachorros não estavam acostumados a ficar presos e latiam muito. E ao mesmo tempo, surgiram boatos de que talvez os vizinhos pudessem vir a matar os cachorros por conta dos prejuízos.
Diante dessa situação, não pensaram duas vezes: entraram em contato, pedindo que arrumássemos outro lugar para os bichos.
Eu simplesmente entrei em desespero, não sabia o que fazer. Foi quando a minha mãe tomou a decisão de pegar os cachorros e levá-los de volta para a minha casa, que estava fechada. Deixou os dois no quintal, e todos os dias ia até lá para alimentá-los.
Era o máximo que ela podia fazer, visto que meu pai estava doente e precisava de cuidados especiais.
Bom, diante disso parte dos problemas estavam resolvidos, pelo menos para os bichos, porque para a minha mãe foi ainda mais difícil, já que tinha muitos afazeres.
Todos os dias ela ia até nossa casa para alimentar as feras, que viviam tristes porque a casa estava fechada e nós não estávamos lá.
Mas, eis que para a sorte dos dois, nós não estávamos satisfeitos no apartamento, e as coisas naquela cidade não nos agradou muito. Foi quando tomamos a decisão de voltar.
Ao chegarmos de mala e cuia, as ferinhas ficaram loucas de felicidade, afinal a casa estava aberta e cheia de vida. Os dois não sabiam mais o que fazer. Foi tanta festa que ficamos totalmente comovidos.
Casa fechada, agora é coisa do passado.
Meses se passaram após o nosso retorno, e ainda hoje os cachorros entram em desespero quando precisamos sair. Eles vão para o portão e começam a chorar. Todos os dias, madrugam e ficam na porta dos fundos, vigiando até que alguém apareça para abrí-la.
O que eu sei é que todos nós sofremos muito com a separação. A nossa primeira tentativa de nos mudar não deu certo, mas não desistimos. Ainda continuamos a pensar nisso, só que dessa vez, nada de sacrificar ninguém. O Rei e a Mel fazem parte da nossa família, e não dá pra abrir mão deles.
No futuro toda e qualquer mudança inclui os dois, caso contrário não vai ninguém.
Não podemos decepcioná-los novamente. Acho que não resistiriam a uma nova separação. Sinto que ficaram traumatizados.
Esses dois nos dão muitas alegrias sem pedir nada em troca. É um amor totalmente incondicional.
E isso não tem preço!
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