quinta-feira, 16 de abril de 2009

Nó na garganta, dignidade perdida.

Hoje estou muito triste!

Fui bombardeada com informações errôneas a respeito da minha postura e ainda não consegui absorver a coisa!

Estou entalada, com um nó na garganta!

Essa semana entrei em uma sala de aula para substituir um amigo.

Tentei iniciar a aula e nada de colaborarem. Era uma algazarra só.

Alunos gritando, outros andando pela sala, como se não houvesse professor ali. Tentei iniciar a chamada, mas foi em vão.

Chamei pelo nome de um aluno e nada. Ninguém respondeu.

Continuei a chamada até que um aluno que sentava próximo da mesa, gritou para o indivíduo sentado lá atrás dizendo que o mesmo havia levado falta, e o bonitinho gritou:

- Ô dona! Eu estou aqui, a senhora me deu falta!

Respondi que não escutei, e aí ele disse que além de cega (porque uso óculos) eu também era surda. E todos riram.

IGNOREI!

Ao concluir a chamada, tentei novamente dar início à aula, mas foi em vão. Fiquei tensa, visto que costumo cumprir com minhas obrigações.

Não tenho o hábito de cumprir apenas os rituais! É uma questão de ética!

Após várias tentativas de me comunicar, e todas em vão, resolvi dar um choque de realidade para ver se conseguia despertá-los.

Perguntei sobre as expectativas de futuro da turma. Se eles tinham noção do que estavam fazendo de suas vidas.

Se achavam correto a maneira com que se relacionavam um com os outros, agredindo-se verbalmente como se fosse algo bonito.

Comentei que, eu, assim como todos os professores, ficávamos tristes de ver que uma boa parte da turma não tinha a mesma curiosidade em relação aos estudos que a nossa geração teve quando éramos jovens.

Fui interrompida diversas vezes pelas ironias.

Comentei sobre as minhas frustrações de ter tentado despertá-los e que lamentava o fato de ser tão desrespeitada, por alunos que tem idade para serem meus filhos. Disse ainda que a função de educar os filhos era dos pais, e não da escola.

E todos riram.

Falei: “a sorte de vocês está lançada, já são responsáveis pelas próprias escolhas”

Afinal, quanto a mim, eu já estou formada e minha filha, apesar da idade que tem (23), jamais destrataria alguém de forma gratuita, como eles estavam me destratando, e que, graças a Deus já está formada.

E pedi que refletissem sobre o que estavam fazendo.

Depois disso, passei um exercício de matemática.

Alguns copiaram e tentaram resolver, uma “meia dúzia” apenas. Outros simplesmente copiaram as respostas e continuaram a tumultuar a sala. Outros reclamaram que era muita matéria.

A hora passou e o sinal tocou. Fui recolhendo as minhas frustrações, juntamente com meu orgulho ferido e minhas ferramentas de trabalho, me sentindo a pior das criaturas.

A velha, a cega, a surda se retirou da sala totalmente desvalorizada e desacreditada.… mas ainda assim disposta a seguir na minha profissão, que é tão bonita.

Os alunos não se dão conta de que estão gerando e multiplicando os germes de sua própria destruição, e que, infelizmente quando despertarem para a vida, talvez já seja tarde demais.

Gostaria muito de poder acreditar que toda essa crise na educação pode ser o início de uma grande mudança. (doce ilusão…)

E que também os nossos governantes pudessem olhar mais para a educação, com todo o respeito e a atenção que ela merece, uma vez que todas as profissões passam pela educação.

Por mais simples que seja a ocupação é preciso estudo!

Que tipo de profissionais queremos formar?

A família é uma instituição falida! Afirmo isso com lágrimas nos olhos e com um nó na garganta!

A educação pede socorro! Professores vem sendo agredidos diariamente e nada está sendo feito para reverter a situação.

Devolvam a nossa dignidade!!!!!

O que será de mim, pobre mortal, uma professora com fios e mais fios de cabelos brancos e um coração cheio de sonhos e de amor, numa profissão que a cada dia se torna mais marginal?

Será que eu, no auge dos meu 4.8 ainda posso mudar de profissão?

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